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terça-feira, 15 de novembro de 2011

NATAL EM PAZ

NATAL EM PAZ

Por Débora Villela Petrin


Aromas de amor, pingando células de luz,

cobrem os paladares ávidos de harmonia,

Reis se acomodam em cadeiras soberbas,

'a espera do ser magistral, em sua imagem sagrada,

Espelhos rotativos cruzam caminhos sangrentos,

sem mágoas aparentes, a celebração é consagrada na taça mágica da vida,

Nasce a figura do libertador! Envolta em manta transparente,

a palavra PAZ é nomeada como fonte de vida eterna,

Os olhos sentem a magnitude da fé,

transbordando o tom da oração aos corações sedentos.

Débora Villela Petrin

Noite Mágica - Débora Villela Petrin

Em uma casa no alto de uma montanha com muita nebulosidade morava um senhor bondoso, com cabelos grisalhos e encaracolados, olhos verdes, pele clara, rosto com traços delicados e expressivos. A casa era “decorada” pela generosidade dessa doce criatura.
Toda pintada na cor ocre, as janelas eram feitas de madeira em formato de pequenos corações entrelaçados, as cortinas tinham a transparência para que a luz do dia invadisse a sua alma de amor, os quartos eram pequenos e cheios de lembranças de um passado esplendoroso, os objetos possuíam as marcas desse outrora, os tapetes macios faziam as pegadas das suas botas serem suaves, sem ruídos nenhum, os únicos sons possíveis de serem ouvidos eram os dos pássaros gorjeando nas manhãs cobertas pela névoa, nas quais o céu aos poucos se abria mostrando toda a sua beleza com o seu azul radiante.
O senhor era um colhedor de trigo, o cultivo do mesmo era intenso na região. No meio de tanto trigo, as inúmeras flores, pelas quais a casa era cercada, os miosótis, as flores do campo, os ipês, as dálias, todas elas com suas cores vivas deixavam a paisagem do topo da montanha ainda mais bela.
Durante toda sua vida ele havia passado a maior parte do tempo entre as colheitas de trigo, com as flores, livros e recordações... E também com a preocupação em oferecer no Natal, pequenos presentes as crianças da comunidade, mas durante esse ano ele não tinha a quantia suficiente para a compra dos mesmos, assim ele andava muito pensativo... Sentado em sua cadeira de balanço com a sua manta sobre as suas pernas, ele pensava em como poderia ofertar algo para as crianças que tanto alegravam a sua vida, e especialmente na noite de Natal, na qual a comunidade se agrupava, e como em um casulo compartilhavam do calor de estarem todos juntos para celebrarem a noite tão esperada e especial para todos.
Os dias foram passando, e em uma bela manhã junto ao cantar de um sabiá, ele foi ao trigal, e recolheu todos os trigos mais verdes da safra, ficou horas fazendo essa colheita. E assim construiu uma árvore gigante utilizando eles, criou uma verdadeira escultura usando dos recursos naturais para isso. Trigo, folhas, flores, uma obra-de-arte elaborada com simplicidade e criatividade. Colocou bilhetinhos por toda a árvore, e nesses pedacinhos de papel escreveu mensagens para as crianças, palavras de amor, de encorajamento, de paz, de sentimentos que só os nossos corações podem sentir.
Deixou a gigante árvore guardada para a Noite de Natal. Nessa noite tão esperada, quando ele abriu a porta do local no qual a mesma estava escondida, ele teve a sensação de estar sonhando...
Em cada pedaço de sua obra-de-arte, havia, caixas de presentes com anjos feitos de chocolate iluminados por luzes multicoloridas... As crianças quando entraram ficaram com os sorrisos estarrecidos pela beleza do momento, as luzes das caixinhas brilhavam de uma maneira tão intensa que ofuscaram as luzes artificiais. E assim todos ficaram iluminados por essa alegria contagiante do amor ser transformado em pura realidade...
O amor, o mais gracioso de todos os bens... O maior presente dado aos seres humanos, nessa Noite Mágica.
Débora Villela Petrin

Fonte: http://www.paralerepensar.com.br/natalempaz.htm

sábado, 12 de novembro de 2011

AGUARDANDO O MENINO QUE VIRÁ!

A rosa de Natal - (Selma Langerloff)

O convento de Oved, próximo as grandes cadeias de montanhas geladas, estava em festa. Esperavam, embora não soubessem o dia ao certo, a visita de seu Arcebispo.

Todos se movimentavam. No meio dos preparativos do trabalho normal do dia e das orações agora limpavam as clausuras, varriam os grandes corredores, poliam os metais, limpavam a grande capela.

Tudo para mostrar organização e alegria por tão importante visita. Além de todas as responsabilidades o Abade Hans ainda, tinha tempo para cuidar de seu jardim. Ah! O jardim do Convento era realmente uma beleza!

As rosas eram as mais lindas. As begônias, os cravos sempre difíceis de pegar e florescer sempre nos mais diversos matizes. Também, o tempo ajudava.

Era verão e a neve estava bem distante. A única coisa que entristecia aos moradores da vila e do convento era a existência de um “salteador”.

Era conhecido só por este nome, Salteador. Era temido por todos, embora nunca ninguém o tivesse visto. Todos sabiam que morava com a mulher e filhos no alto da montanha, lá onde o frio era grande e a neve nunca deixava de cair.

Diziam no povoado que o “Salteador” quando jovem havia matado um homem, numa briga. Fugira se escondendo no alto da montanha. Seu castigo seria a prisão. Porisso nunca descia. Mas a mulher e seus filhos quando precisavam de comida ou algum vestuário vinham até o sopé da montanha e exigiam.

O povo temeroso da vingança do salteador dava-lhes tudo. E assim foi passando o tempo.

Um dia, próximo a chegada do Arcebispo, a mulher do salteador desceu a montanha e se aproximou do convento viu que uma de suas portas laterais estava aberta, o que não era comum, mas com a chegada do Arcebispo tudo estava acontecendo diferente.

Logo se aproximou e entrou. Assim que transpôs o umbral da porta deu de frente com um lindo jardim, florido com todas as tonalidades existentes, uma maravilha.

Quase não acreditou no que viu. Ela e os filhos entraram e começaram a andar e apreciar tanta beleza. Neste exato momento também chega ao jardim um dos auxiliares do Abade Hans, conhecimento simplesmente por “Irmão Leigo” e foi logo dando o maior sermão.

Vocês não podem entrar, isto é um convento somente dos frades. Saiam, saiam! Quanto mais falava mais a mulher e seus filhos penetravam pelas grandes alamedas.

A gritaria foi tanta que o Abade Hans ouviu lá de dentro e saiu rápido para ver o que havia acontecido.

A mulher não se deu por achada. Bateu pé que não sairia enquanto não visitasse aquele jardim. E para falar a verdade aquele jardim era bonito, mas não era o MAIS BONITO do mundo. Ela sim conhecia um diferente. Só de rosas haviam milhares.

E as brancas?
Inigualáveis. Elas floresciam em pleno inverno. E essas só aparecem no verão.

Ah! as suas rosas. Não existiam iguais.

E aquelas ali não chegavam nem aos pés. Ao ouvir isto o Abade Hans, amante das flores, das folhagens e em especial das rosas não acreditou e pediu-lhe para contar como era esse jardim de natal, nascidas durante o rigoroso inverno das montanhas.

E ela, misto de vaidade e ousadia falou de seu jardim de natal, onde tudo florescia; os pássaros cantavam; as águas corriam.

Tudo isto acontecia somente na noite de natal. E era só para eles. O Abade Hans estava perplexo. Já tinha ouvido falar deste misterioso jardim de Natal que florescia em pleno inverno no alto da montanha. Achou que era exagero do povo. Pediu à mulher que o levasse lá.

A mulher do “Salteador” resolveu levá-lo. Ficou combinado que próximo ao Natal ela ou um dos filhos viria pegá-lo. E o tempo passou.

O tempo passou e finalmente o Arcebispo chegou. Foram muitas comemorações.

O velho Abade lembrou a visita da mulher do Salteador e resolveu interceder por ele junto ao Arcebispo que era a maior autoridade da região. Somente ele poderia conseguir a indulto/absolvição do salteador. O Abade argumentou, argumentou e para finalizar, tentando obter a atenção do seu superior contou sobre o jardim de natal do alto da montanha.O astuto arcebispo ouviu toda a história e sabendo ser impossível aquilo tudo pensou nada pedir para o salteador. Ficaria tudo como estava.

Mas.... pediu, já que o Abade iria ao alto da montanha, ele pediu que trouxesse uma rosa branca, em pleno inverno.Próximo ao Natal o Abade Hans se preparou. Finalmente a esposa do Salteador cumpriu a promessa e lá foram eles montanha acima.

Quando chegou na caverna onde vivia a família ficou horrorizado com a pobreza existente. Foi o tempo de descansar um pouco, informar-lhes que havia pedido o indulto ao Arcebispo e logo em seguida seguiram para o lado mais inclinado da montanha.

Lá surgiria o jardim de natal. Não demorou muito e o Abade começou a ouvir sons inexistentes há minutos atrás. Parecia canto de pássaros, folhagem se movimentando, pequenos animais indo e vindo. Finalmente o Abade ouviu som de água em movimento, montanha abaixo.

Começou a enxergar os grandes pinheiros com seus galhos repolhudos acolhendo inúmeros pássaros. Não acreditava em tamanha beleza.

E o cheiro de terra molhada? O coração do velho Abade parecia que não cabia mais nada. Era muita felicidade. Seus olhos encheram-se de lágrimas.

Os grandes ursos passavam próximo preocupados em procurar colméias para comer o saboroso mel. Toda a floresta agora inteiramente formada era só movimento, beleza e harmonia.Entretanto, este encanto foi quebrado pelas duras palavras do Irmão Leigo, que não tendo sensibilidade alguma não acreditava que um milagre poderia acontecer. Grito alto: Sai daqui Satanás. Isto não poder estar acontecendo. Assim que disse as últimas palavras tudo desapareceu por encanto. Todos estarrecidos com o fato não acreditavam no que viam.

A sua noite de natal acabara!. Foi neste momento que o Abade Hans sentiu que suas forças lhe abandonavam e cai morto no chão gelado da montanha.Assim que o corpo do Abade Hans chegou ao Convento de Oved começaram os preparativos para o velório.

Logo notaram que ele trazia fechado em suas mãos uns ramos, parecidos com mudas de plantas. Tiraram deixando de lado.Nessa altura o Irmão Leigo consciente de sua burrice não tinha o que fazer. Sua insensibilidade havia terminado com tudo.

Teve uma idéia de plantar aqueles ramos trazidos pelo Abade.

No próximo Natal o Irmão Leigo, muito triste passeava pelo jardim agora coberto de neve se lembrando do amigo que ele perdera. Observou um canteiro. Havia algo diferente. Não acreditou no que via. Em pleno inverno, no local onde havia plantado os ramos trazidos pelo Abade Hans, havia crescido a mais linda rosa que já vira, nascida em pleno inverno.

Chamou todos do convento. Imediatamente lembrou da conversa do Abade com o Arcebispo e a promessa de trazer-lhe uma rosa, nascida no inverno. Apanhou a flor e levou-a até a residência do Arcebispo, longe dali. Assim que viu a rosa e a explicação do Irmão Leigo o Arcebispo sentiu que algo de diferente havia acontecido.

Providenciou o documento de soltura do “Salteador” que pode descer a montanha e viver como os demais moradores do Vale uma vida digna de trabalho e liberdade.

(Retirada do livro Contos de Selma Langerloff)